quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

O transporte público precisa se reinventar diante dos desafios da queda acentuada de passageiros

Em 2014, o sistema de transporte público por ônibus da capital paraibana transportou 110 milhões de passageiros. Este ano, a projeção mais otimista, aponta que esse número não ultrapassará os 77 milhões. Ou seja, nos últimos cinco anos, o sistema de transporte público de João Pessoa perdeu 33 milhões de passageiros, o equivalente a 32% de toda a operação. Essa crise que se acentua há alguns anos não atinge somente a capital paraibana. Ela ocorre em todos os sistemas do país que agora precisam se reinventar, buscar novas fontes de custeio, adotar novas tecnologias, para atrair os passageiros de volta para o ônibus. 

Essa percepção e realidade, os desafios e as soluções para reverter esse quadro, que requer empenho e atenção tanto das empresas, quanto do poder público e soluções inovadoras, foram debatidas durante um evento promovido pelo SINTUR-JP, nesta terça-feira (17), em João Pessoa. Coube ao diretor institucional do Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de João Pessoa- Sintur-JP, Isaac Moreira, abrir o encontro, que contou ainda com a participação do presidente do Sindicato, Alberto Pereira e do presidente do Sindiônibus (CE), Dimas Barreiro. 

O empresário Alberto Pereira, que atua há 33 anos no setor de transporte de passageiros, afirma que além da iniciativa das empresas, o poder público também tem que fazer sua parte para que os sistemas consigam superar as crises e, principalmente, ofertar para a população um serviço mais atrativo e de melhor qualidade. “O planejamento de nosso sistema, por exemplo, ainda mantém intactos há 30 anos, os cinco principais corredores por onde trafegamos, a maior parte das linhas vai e volta para o terminal de integração no Centro e voltam para a Lagoa, onde os congestionamentos são frequentes e os atrasos nas viagens por conta disso, inevitáveis. Portanto, há que se buscar soluções que tornem o sistema mais eficiente, rápido e atrativo. E esse deve ser um esforço conjunto”, destacou o empresário. 

O presidente do Sindiônibus, Dimas Barreiro, o principal palestrante do evento, deu um panorama do sistema de transporte público de Fortaleza, que é formado por cinco consórcios, 18 empresas, 1.742 ônibus, transporta 25 milhões de passageiros/mês, conta com sete terminais de integração, mais integração temporal com bilhete único, tem seis mil pontos de ônibus, dispõe de 118 km de faixas exclusivas e trabalha com multitarifas e linhas sazonais. “Hoje, temos um ótimo índice de cumprimento de viagens planejadas pelo sistema que são cumpridas com a devida frequência e pontualidade, mas, isso é resultado de muitas ações que tornaram o ônibus mais atrativo em Fortaleza”, disse ele. “Em Fortaleza temos os sistemas regular, complementar e especial todos operacionalizados pelas empresas regulares e com essas opções temos conseguido atrair de volta os nossos passageiros, mas, tudo isso é fruto de um planejamento entre as empresas e órgão gestor que buscam, harmonicamente, ofertar à população o melhor sistema que ela pode dispor”, destacou o empresário, lembrando que sem o transporte coletivo, não há funcionamento das cidades. “Mesmo quem não anda de ônibus, depende do sistema em algum aspecto”, reiterou Dimas. Em Fortaleza, segundo ele, não há incidência de tributo municipal na tarifa, o que faz o preço das passagens lá custar, atualmente, R$ 3,60, o mesmo valor que poderia ser praticado na capital paraibana se houvesse isenção dos R$ 0,20 incidentes no preço das passagens da cidade que correspondem ao ISS pago a Prefeitura. 

Fonte: News Comunicação

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