quinta-feira, 25 de junho de 2015

Salários X Tarifas

Há muitos setores em que a questão salarial pouco influi no custo final do produto ou serviço prestado. Não é o caso do setor de transporte coletivo de passageiros, especialmente no de caráter urbano. Neste serviço de transporte coletivo o quantitativo de operadores envolvidos é bem significativo. 
Por exemplo, em uma capital como a cidade de João Pessoa que amanhece o dia com 470 ônibus circulando, este fato indica que 470 motoristas estão, já ao amanhecer, em operação, sem contar os da retaguarda que precisam estar de prontidão com a frota reserva para dar cobertura a qualquer eventualidade (inclusive aos casos da eventual falta de algum deles à sua respectiva jornada). Mas, como é bem claro, o serviço de transporte coletivo não funciona em um só expediente ou em uma só jornada! 

Esse serviço é 24 horas por dia. Minimamente cada ônibus compromete duas jornadas, ou seja, dois motoristas. Entretanto, existem também os cobradores, os mecânicos, os fiscais, os auxiliares administrativos, os psicólogos, os médicos, os advogados etc!… E, igualmente por óbvio, existem as férias, as licenças, os afastamentos temporários de modo geral, tudo isto para ampliar o quantitativo de operadores do transporte coletivo. Ainda em relação à cidade de João Pessoa, esse serviço compromete e emprega, tão só entre motoristas e cobradores, praticamente 2,5 profissionais, que, juntando-se aos das demais áreas, alcança cerca de 3,6 mil trabalhadores, diretamente! 

Daí, os encargos com pessoal comprometerem, na média brasileira, até 42% dos custos desse serviço. E é por isso que toda negociação salarial neste setor precisa ser encarada e tratada com muita seriedade e bom senso, tendo em vista que neste Brasil praticamente não há subsídio governamental para compensação desses custos. Tudo tem de ser assimilado pela tarifa diretamente paga pelos passageiros! E também aí aparece outro “senão”, face os tantos benefícios que são implantados nessa área, não só os das gratuidades totais concedidas pelos governos sem nada colocarem de seus orçamentos, mas de igual modo as resultantes das integrações físicas ou temporais que implicam que as pessoas paguem uma só passagem, mesmo precisando de dois ônibus para a realização da viagem. Um estudo técnico recente, por exemplo, demonstra que a tarifa de R$ 2,45 vigente em João Pessoa corresponde, ao final, por passageiro pagante, tão apenas a R$ 1,88, valor este que se reduz a R$ 1,75 quando dele tirado os 5% de ISS e 2% pago ao governo federal.

por Mário Tourinho / Fonte: Mais PB

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