terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Reza, esmola e 'kit guloseima' fazem parte do pacote de quem pega ônibus em João Pessoa

Dezenas de ônibus por dia e uma mochila repleta de diversos saquinhos com doces. No verso do plástico que embala cada pacote, uma mensagem religiosa e o endereço da instituição filantrópica de onde vem o portador do ‘kit de guloseimas’, vendidos a R$ 2,00 cada um, em meio a discursos de fé e pedido de ajuda em ônibus que trafegam por João Pessoa. 
Esta é a rotina de Carlos (nome fictício), que há cinco anos percorre quase todos os bairros da capital para vender os produtos, cuja renda, segundo ele, é repassada para a instituição de tratamento para dependentes químicos onde vive desde 2009. 

Kit vem com guloseima e mensagens impressas
Nas viagens que faz ao longo do dia, o rapaz discursa para os passageiros enquanto entrega os pacotes com doces, dando seu "testemunho de vida", como ele mesmo comenta. “Durante oito anos eu vivi na dependência química do crack, mas estou há cinco anos liberto pela misericórdia de Deus. Hoje eu sou colaborador da obra”. Carlos representa dezenas de jovens de pelo menos três casas de instituição de tratamento de dependência química que utilizam os transportes públicos da capital para pedir ajuda. Embora a entrada de pessoas nos ônibus para comercializar produtos, pedir auxílio ou fazer pregações seja uma prática proibida pelo regulamento do transporte público da capital, os funcionários dos ônibus permitem a entrada dos pedintes e alguns "trabalham" nos ônibus até mesmo sem pagar passagem. 

Para muitos é uma 'presença incômoda': Para os usuários dos ônibus da capital, a presença dos pedintes pode ser incômoda para uns e tolerável para outros. O motivo da desconfiança para alguns é a veracidade no discurso de quem pede ajuda e o destino dado aos trocados recebidos. “Quando eles começaram a aparecer, eu até ajudei algumas vezes, mas de um tempo para cá, foram surgindo outras instituições e você se questiona se esse trabalho existe”, disse o escrevente Geraldo Ferreira. 

Liviane desconfia da honestidade dos pedintes dos ônibus
A mesma dúvida argumentada por ele é sentida pela garçonete Liviane Pires. A jovem também utiliza todos os dias o serviço dos ônibus e revela que desconfia da maioria das pessoas que entram no coletivo para pedir ajuda. “Já ajudei algumas vezes. Agora, tem pessoas que pedem, mas que parecem que não precisam e inventam muitas histórias, aí eu fico desconfiada”, desabafou Liviane.

Fonte: Jornal da Paraíba
Fotos: Kleide Teixeira

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