domingo, 29 de setembro de 2013

Análise do acidente com ônibus da Santa Rita

Algumas testemunhas teriam dito que o eixo dianteiro do ônibus soltou em plena rodovia, causando a perda de controle e o capotamento. O que mais chamou a atenção foi justamente o eixo separado do chassi do veículo. O ônibus tombou para o lado esquerdo, apenas isto, não seria um impacto suficiente para tirar o eixo do lugar. As informações atualizadas nos sites de notícias, com declarações de que ele teria soltado antes do capotamento, passaram a fazer sentido como provável causa do acidente. 
1 - Feixe de molas do sistema de suspensão (lado direito). Fixo ao eixo e ao chassi do veículo, este feixe é uma das peças mais difíceis de soltar em impactos, por motivos óbvios: ele suporta todo o peso do veículo e as forças que incidem em manobras (curvas) e frenagens. Se fosse fácil soltar, seria impossível trafegar com um veículo que pesa dezenas de toneladas. 

2 - Local de fixação do feixe molas ao eixo (lado esquerdo). Este segundo feixe não aparece na foto. Ele não soltou apenas do chassi do ônibus, ele separou-se do eixo também. 

3 - Paralamas. A carroceria do ônibus aqui está amassada, nas duas laterais, onde há o contorno de abertura do paralamas. Isto indica que as rodas teriam forçado esta região enquanto o veículo estava "de pé", provavelmente deslizando sobre eixo e rodas soltos da suspensão. Óbvio, sem qualquer controle de direção sob estas condições. 

4 - Rodas e pneus traseiros estourados. O indício aqui é que um impacto brutalmente forte simplesmente estourou não apenas um pneu, mas dois deles, já que neste eixo estes veículos trazem um par de rodas para melhor distribuição de peso sobre o pavimento. Estes pneus (cada) suportam mais de 40 toneladas de peso sobre eles (quando calibrados corretamente) tranquilamente, sem absolutamente nenhum risco. Provavelmente o eixo dianteiro "rolou" por baixo do ônibus desgovernado até atingir estas rodas, estourando os pneus e jogando a traseira do veículo pelos ares, causando o tombamento para esquerda. 

5 - Paralamas esquerdo. O indício de que as duas rodas dianteiras estavam soltas antes do ônibus tombar é reforçado aqui. O paralamas sofreu a mesma deformação que o dianteiro direito. Do lado direito é possível ver que as baterias, que ficam em um compartimento atrás do paralamas, foram arrancadas com a deformação da carroceria.

Nada causaria tudo isto, nem mesmo um buraco (o pavimento neste local é impecável, sem qualquer buraco), ou pedra. Um ônibus/caminhão, passa sobre estes obstáculos sem danos semelhantes a este, ainda que com algum risco de tombar ou perder o controle, mas jamais arrancando o eixo desta forma. 

Este eixo saiu com o balanço do veículo, numa reta. Ele já deveria estar com os suportes completamente desgastados, por anos de circulação sem nenhuma manutenção. Não é o único veículo circulando sob estas condições. Agora mesmo o restante da frotas desta e outras empresas está em circulação, levando milhares de vidas, correndo o mesmo risco de acidente. As denúncias sobre o sucateamento e falta de manutenção tbm sempre foram feitas. O poder público, omisso, hoje tem sangue nas mãos.

Texto: Willian Santos
Fonte: Santa Rita em Foco/ Fotos: Facenews

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